BIOCOM

Rui Amaral Gourgel. (presidente do Conselho de Gerência da Biocom)

Produção de Açúcar, Alcool e Energia

Biocom USd 250 milhões em açúcar e energia
O projecto agro-industrial da Damer, Odebrecht e Sonangol Holding em Malanje

Jornal O País-A Biocom, Companhia de Bionergia de Angola, vai investir USD 250 milhões, em Cacuso, província de Malanje, naquele que é o maior projecto agroindustrial associado à produção de energia renovável, de origem não mineral, efectuado desde sempre no país.

O contrato entre a empresa, participada pela Damer (40%), Odebrecht (40%) e Sonangol Holding (20%), e o Estado angolano, representado pela ANIP (Agência Nacional para o Investimento Privado), foi assinado no passado dia 21, no Governo Provincial de Malanje. Cobrindo uma área total de 30.000 hectares em Cacuso, numa vasta zona vigiada pelas imponentes pedras de Pungo Andongo, onde a quietude que emana da imensidão do planalto é sulcada pelo novo tapete de alcatrão que liga a capital do país a Malanje, o projecto agro-industrial protagonizado pela Biocom vai permitir, numa primeira fase, a produção de dois milhões de toneladas de cana-de-açúcar, o correspondente a 500 toneladas de cana por hora em 200 dias de safra (objectivo a atingir entre 2012 e 2013), cujo esmagamento dará origem a 260 mil de toneladas de açúcar e a 30 milhões de litros de álcool anidro, com capacidade de armazenamento assegurada. A colheita será toda mecanizada, decorrendo a safra entre os meses de Abril/Maio e Outubro, por forma a evitar o período das chuvas.

O álcool obtido permitirá a geração de 28 mega watts/ hora de energia, que será injectada na rede de alta tensão Kapanda/Capuso e fornecerá o Pólo Agro-Industrial de Kapanda, onde o projecto se insere, bem como as províncias de Malanje e do Huíge. O objectivo último da Biocom é a produção de quatro milhões de toneladas de cana-de-açúcar, a qual está a ser transportada para Cacuso a partir de Catete, onde se situa o viveiro da fazenda de Kala Kala. “Pretendemos, com esta produção, reduzir, numa primeira fase, a importação de açúcar e, numa segunda fase, cobrir, na totalidade, as necessidades de consumo do país”, salienta o presidente do Conselho de Gerência da Biocom, Rui Amaral Gourgel. No que respeita à produção de biocombustível, Rui Gourgel adianta: “estamos, neste momento, a dominar tecnicamente o ciclo do biocombustível e, logo que a legislação do país esteja preparada, é uma possibilidade avançarmos também para o biocombustível”. O projecto, associado às populações locais, envolve a criação de 500 empregos directos e 700 indirectos e incorpora, fundamentalmente, mãode-obra nacional – cerca de 2/3 do total. No decurso da sua implementação, a mão-de-obra expatriada será gradualmente substituída por quadros angolanos. Já se encontram, aliás, a receber formação no exterior, sobretudo no Brasil, 62 profissionais angolanos, essencialmente de quadros médios e superiores ligados às áreas industrial e agrícola, No início do próximo ano, 40 dos actuais bolseiros já deverão estar a exercer funções na Biocom.

A fábrica da Biocom estará concluída em 2010 e a primeira safra de cana, que se espera venha a atingir um milhão de toneladas, cujo esmagamento originará 100 mil toneladas de açúcar e cerca de 10 milhões de litros de álcool, ocorrerá em 2011. Para além da refinaria de açúcar será erguido um hotel e desenvolvido um projecto imobiliário. O investimento, cujo pay-back se realizará, prevê-se, num prazo compreendido entre cinco a seis anos, conta com um financiamento da ordem dos USD 168 milhões, proveniente de um sindicato bancário liderado pelo Banco Africano de Investimentos (BAI), sendo o remanescente capital assegurado pelas entidades que integram a Biocom.

O Governador Provincial de Malanje, Boaventura Cardoso, considerou, na intervenção que produziu durante a cerimónia de assinatura do contrato de investimento, que “Malanje tem nas suas potencialidades agro-económicas condições ideais para o investimento privado no sector agro-pecuário e, consequentemente, para o desenvolvimento da agro-indústria”. Para Boaventura Cardoso o projecto irá potenciar “a emergência de unidades industriais de produtos derivados e o emprego de mão-deobra, bem como a sua permanente formação”, esperando-se ainda que “contribua substancialmente para a redução das importações, em particular, do açúcar”.

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